Terceirização perde espaço nas empresas
Por motivos diversos e em um movimento oposto à tendência de terceirização que ganhou força a partir da década de 90, empresas como Brasil Telecom, Avis e Getronics integraram à folha de salários profissionais que forneciam serviços a empresas por elas contratadas - serviços originalmente realizados por seu quadro funcional. A reversão do modelo responde à maior fiscalização do Ministério do Trabalho, à busca de ganhos de eficiência e ao crescimento da economia.
Com base em acordo assinado com o Ministério do Trabalho, a Getronics, da área de informática, assinou a carteira de 120 programadores e consultores da área de tecnologia e comunicação que antes trabalhavam como pessoas jurídicas. A locadora de veículos Avis e o grupo Brasil Telecom integraram a seu quadro de funcionários os atendentes de call center, antes terceirizados. No caso da Avis foram 30 trabalhadores. Na operadora de telefonia, cerca de 10 mil trabalhadores foram contratados desde dezembro. As duas explicam que a iniciativa deve reduzir queixas no atendimento e elevar o volume de negócios fechados.
O Ministério do Trabalho deflagrou no primeiro semestre, em São Paulo, um programa contra a terceirização. Atualmente há mais de 80 processos de fiscalização em andamento. O segmento de TI foi um dos primeiros a ser fiscalizados.
Advogados, analistas de mercado e consultores na área de emprego acreditam que esteja ocorrendo numa espécie de revisão crítica do processo de terceirização. "Há um amadurecimento em relação à essa forma de contratação, com a percepção de que não adianta reduzir custos imediatos, porque a conta pode ficar mais cara por questões trabalhistas e fiscais", diz Nelson Mannrich, do Felsberg Associados.
Há ainda o reconhecimento de que a terceirização do trabalho não garante o controle efetivo da produtividade e da qualidade, diz Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do Dieese. Além disso, companhias, como a Klabin, passaram a colocar a exigência de que os profissionais de empresas terceirizadas que lhes prestam serviços sejam contratados com carteira assinada pelas empresas fornecedoras. Ninguém nega, porém, que a terceirização é um movimento irreversível.
Fonte: Valor online - 25/08/2008